Uma visão interpretativa do Apocalipse: Paralelismo Progressivo.

Apocalipse: Não um Livro de Medo, mas de Revelação e Vitória

Muitos cristãos evitam o livro de Apocalipse por medo de suas figuras enigmáticas ou por associá-lo apenas a tragédias. No entanto, o termo "Apocalipse" significa revelação. É Deus levantando o véu para mostrar que a história não está à deriva, mas caminha para uma consumação determinada por Ele. Uma forma de interpretação nos convida a olhar para este livro não como uma linha cronológica simples, mas como uma série de visões que se sobrepõem: o Paralelismo Progressivo.


1. O Método: O que é o Paralelismo Progressivo?

O livro de Apocalipse é dividido em sete seções paralelas. Cada uma dessas seções repete a mesma história — do nascimento/primeira vinda de Cristo até a Sua segunda vinda e o juízo final — mas com ênfases e detalhes diferentes que avançam em clareza.

As Sete Seções:

  1. Capítulos 1-3: Cristo entre os sete candeeiros (as sete igrejas).

  2. Capítulos 4-7: Os sete selos (o sofrimento e a proteção da igreja).

  3. Capítulos 8-11: As sete trombetas (os avisos de Deus ao mundo).

  4. Capítulos 12-14: O quarteto do mal (Dragão, Anticristo, Falso Profeta e Babilônia) contra a Mulher (Igreja).

  5. Capítulos 15-16: As sete taças (o juízo final e completo da ira de Deus).

  6. Capítulos 17-19: A queda definitiva do sistema babilônico e do quarteto do mal.

  7. Capítulos 20-22: O reino das almas, o juízo do trono branco e os Novos Céus e Nova Terra.


2. A Soberania de Deus no Trono

Um ponto central destacado é que, antes de mostrar as tribulações (selos e trombetas), João recebe a visão do trono ocupado (capítulos 4 e 5). Isso serve para consolar a igreja: não importa quão caótico o mundo pareça ou quão fortes sejam os perseguidores (como o imperador Domiciano na época de João), Deus não perdeu as rédeas da história.


3. Trombetas vs. Taças: Misericórdia e Juízo

O Pr. Hernandes explica uma distinção vital:

  • As Trombetas: São juízos parciais. Elas tocam como um alerta, chamando o mundo ao arrependimento. O castigo vem misturado com a misericórdia de Deus.

  • As Taças: Representam o juízo final e sem misturas. Quando Jesus voltar, a porta se fecha e não haverá uma "segunda chamada" ou nova oportunidade de arrependimento.


4. O Significado da Prisão de Satanás

Na visão amilenista apresentada, os "mil anos" (milênio) são interpretados simbolicamente como o período entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. Satanás está "preso" no sentido de que ele não pode impedir a expansão do Evangelho e a salvação dos eleitos em todas as nações. Cristo é o "mais valente" que amarrou o valente (Satanás) para saquear sua casa e libertar os cativos.


5. A Nova Jerusalém: O Fim da Solidão

Ao descrever o estado eterno, o texto diz que "o mar já não existe". Para João, exilado na Ilha de Patmos, o mar era o símbolo da separação e do isolamento. Na Nova Terra, não haverá mais muros, barreiras ou solidão; viveremos em plena comunhão uns com os outros e com Deus.


Conclusão: O Futuro já está Decidido

A mensagem final do estudo é de profunda esperança. O diabo pode rugir e os ímpios podem zombar, mas a vitória de Cristo e Sua Igreja já foi decretada. O Apocalipse não foi escrito para nos assustar, mas para nos fortalecer.

"O Deus a quem você serve hoje já está lá no futuro e já decidiu o resultado: Cristo venceu!"

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