O Sermão Profético de Jesus Cristo: Mateus 24.

Mateus 24: O Sermão Profético e a Doutrina das Últimas Coisas

O capítulo 24 de Mateus é um dos textos mais desafiadores e fascinantes do Novo Testamento. Conhecido como o "Sermão Profético", ele regista o momento em que Jesus, senta
do no Monte das Oliveiras, responde às perguntas cruciais dos Seus discípulos sobre a destruição do templo, os sinais da Sua vinda e o fim do mundo. Para compreender este texto, é necessário mergulhar na escatologia, o estudo das "últimas coisas".

O Contexto Histórico: A Destruição do Templo

Jesus iniciou a Sua profecia declarando que "não ficaria pedra sobre pedra" do imponente templo de Jerusalém. Este vaticínio cumpriu-se historicamente no ano 70 d.C., quando as legiões romanas sob o comando de Tito invadiram a cidade, destruindo o templo e dando início à diáspora judaica. Este evento marca o primeiro nível de cumprimento das palavras de Cristo, mas o sermão avança para um futuro ainda mais distante.

Três Linhas de Interpretação sobre a Igreja em Mateus 24

Um dos maiores debates entre os estudiosos é se a Igreja passará ou não pelos eventos descritos neste capítulo. Existem três visões principais:

  1. Igreja no Princípio das Dores: Defende que a Igreja vivenciará os versículos 4 a 8, que tratam de falsos cristos, guerras, fomes e pandemias — eventos que Jesus chamou de "princípio das dores".

  2. Igreja até à Pregação Global: Esta visão estende a presença da Igreja até ao versículo 14, acreditando que o arrebatamento ocorre apenas após o Evangelho ser pregado em todo o mundo.

  3. A Visão da Ausência da Igreja: Alguns teólogos sustentam que todo o capítulo (do versículo 4 ao 28) é focado em Israel e no período da Grande Tribulação, não mencionando a Igreja, que já teria sido arrebatada. Esta linha aponta que as recomendações (como a fuga no Sábado) possuem um caráter estritamente judaico.

A Grande Tribulação e a Segunda Vinda

O período descrito entre os versículos 15 e 28 refere-se a uma aflição sem precedentes na história da humanidade. Jesus adverte sobre a "abominação da desolação" e a necessidade de fuga imediata. É um tempo de juízos divinos que culmina na Segunda Vinda Gloriosa (versículos 29-31).

Diferente do arrebatamento, que é iminente e pode ocorrer a qualquer momento sem aviso prévio, a Segunda Vinda em Glória será visível a "todo o olho" e marcada por sinais cósmicos, onde Cristo retornará para salvar Israel e estabelecer o Seu reino.

O Arrebatamento: A Esperança da Igreja

A partir do versículo 36, o foco muda para a iminência: "daquele dia e hora ninguém sabe". O Pr. Juliano Fraga destaca que o arrebatamento (do grego Harpazo, que significa "tomar com força") é o evento onde os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, seguidos pelos vivos, para encontrar o Senhor nos ares.

Este evento é comparado ao casamento judaico antigo:

  • O Dote: Jesus pagou o preço com o Seu próprio sangue.

  • O Contrato: Selado na Ceia e na aceitação do Evangelho.

  • A Promessa: "Vou preparar-vos lugar".

  • A Volta: Assim como o noivo judeu aparecia de surpresa para buscar a noiva, Cristo voltará para buscar a Sua Igreja num momento em que o mundo dirá "paz e segurança".

A Natureza do Corpo Glorificado

A vitória final da Igreja sobre a morte manifestar-se-á na transformação do corpo. O que é corruptível revestir-se-á de incorruptibilidade. Citando as Escrituras, o sermão descreve que os justos resplandecerão como o sol e as estrelas, possuindo um corpo semelhante ao de Cristo após a Sua ressurreição — um corpo que não conhece a dor, o cansaço ou a morte.

Conclusão

O estudo de Mateus 24 não deve gerar medo, mas sim vigilância e esperança. A mensagem central é clara: independentemente das nuances interpretativas, a promessa da volta de Cristo é a "bendita esperança" que sustenta a fé cristã através dos séculos. A Igreja é chamada a viver de forma santa e preparada, aguardando o soar da última trombeta.

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